Wednesday, January 09, 2019

E García Lorca retorna


El poeta pide a su amor que escriba  

García Lorca

Amor de mis entrañas, viva muerte,
en vano espero tu palabra escrita
y pienso, con la flor que se marchita,
que si vivo sin mí quiero perderte.

El aire es inmortal. La piedra inerte
Ni conoce la sombra ni la evita.
Corazón interior no necesita
la miel helada que la luna vierte.

Pero yo te sufrí. Rasgué mis venas,
tigre y paloma, sobre tu cintura
en duelo de mordiscos y azucenas.

Llena, pues, de palabras mi locura
o déjame vivir en mi serena
noche del alma para siempre oscura.

O poeta pede ao seu amor que escreva

Amor das minhas entranhas, viva morte
em vão eu espero por tua palavra escrita
e penso,  como a flor que murcha,
que se viver sem mim quero perder-te

O ar é imortal. A pedra inerte
Nem conhece a sombra nem a evita.
Coração interior não necessita
o mel gelado que a lua verte.

Mas, eu te sofri. Eu rasguei minhas veias
tigre e pombo, sobre tua cintura
em duelo de lírios e mordidas.

Enche, pois, de palavras minha loucura
ou deixa-me viver em minha serena
noite da alma para sempre escura.

Ilustração: Aqui te escrevo.

No comments: