Que todo o tempo era de poesia
Toda manhã, ao acordar, me dizia
Ao limpar a nevoa que o vidro encobria
E espantar o feroz frio que me acometia
Com o calor do ventre, a tepidez macia
Das suas mãos, da fogueira de seu corpo,
Chama que infatigavelmente ardia.
Que todo o tempo era de poesia
Me lembrava enquanto me esquecia
Nas xícaras de café, pão, na magia
Das manhãs em que permanecia
Preso aos lençóis, à cama e via
No tempo que passava a alegria
Da vida que maravilhosa parecia.
E naquele ritmo o tempo se perdia
Sob a cúpula dourada da volúpia
E nos corpos nem nas mãos se percebia
Leve lembrança do mundo, se existia
Ou se era um mito ou falsa alegoria.
Que todo o tempo era de poesia
É prova a dor e o caos pós-harmonia.
1 comment:
Silvio: que encantamento nas suas palavras...quase impossível te imaginar analisando política...que na minha visão é algo tão anti-romântico!
Beijos diretamente do meu romântico-incorrigível Cotidiano...
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