Saturday, December 14, 2013

Jorge Luís Borges, mais uma vez

Sábados

Jorge Luis Borges

Afuera hay un ocaso, alhaja oscura
engastada en el tiempo,
y una honda ciudad ciega
de hombres que no te vieron.
La tarde calla o canta.
Alguien descrucifica los anhelos
clavados en el piano.
Siempre, la multitud de tu hermosura.
A despecho de tu desamor
tu hermosura
prodiga su milagro por el tiempo.
Esta en ti la ventura
como la primavera en la hoja nueva.
Ya casi no soy nadie,
soy tan solo ese anhelo
que se pierde en la tarde.
En ti esta la delicia
como esta la crueldad en las espadas.
Agravando la reja esta la noche.
En la sala severa
se buscan como ciegos nuestras dos soledades.
Sobrevive a la tarde
la blancura gloriosa de tu carne.
En nuestro amor hay una pena
que se parece al alma.

que ayer solo eras toda hermosura
eres tambien todo amor, ahora.

Sábados
Lá fora há um pôr do sol, jóia escura
 engastada no tempo,
 e uma profunda cidade cega
 de homens que não te viram.
 A tarde cala ou canta.
 Alguém descrucifica os anseios
 cravados num piano.
 Sempre, a grandeza da tua formosura.
 A despeito do teu desamor
 a tua formosura
 produz seu milagre pelo tempo.
 Esta em ti a ventura
 como a primavera na folha nova.
 Já quase não sou  ninguém,
  sou apenas este anseio
  que ser perde pela tarde.
  Em ti esta delícia
  como está a crueldade nas espadas.
  Para agravar a grade esta noite.
  Na sala triste
  se procuram como cegos nossas duas solidões.
  Sobrevive à tarde
  A brancura gloriosa de tua carne.
  Em nosso amor há uma pena
  que se assemelha à alma.
  Tu,
  que ontem, era apenas toda formosura
  és também todo o amor,  agora.


  Ilustração: blog-psique.blogspot.com 

No comments: