Poema V
Pablo
Neruda
Para
que tú me oigas
mis
palabras
se
adelgazan a veces
como
las huellas de las gaviotas en las playas.
Collar,
cascabel ebrio
para
tus manos suaves como las uvas.
Y
las miro lejanas mis palabras.
Más
que mías son tuyas.
Van
trepando en mi viejo dolor como las yedras.
Ellas
trepan así por las paredes húmedas.
Eres
tú la culpable de este juego sangriento.
Ellas
están huyendo de mi guarida oscura.
Todo
lo llenas tú, todo lo llenas.
Antes
que tú poblaron la soledad que ocupas,
y
están acostumbradas más que tú a mi tristeza.
Ahora
quiero que digan lo que quiero decirte
para
que tú las oigas como quiero que me oigas.
El
viento de la angustia aún las suele arrastrar.
Huracanes
de sueños aún a veces las tumban
Escuchas
otras voces en mi voz dolorida.
Llanto
de viejas bocas, sangre de viejas súplicas.
Ámame,
compañera. No me abandones. Sígueme.
Sígueme,
compañera, en esa ola de angustia.
Pero
se van tiñendo con tu amor mis palabras.
Todo
lo ocupas tú, todo lo ocupas.
Voy
haciendo de todas un collar infinito
para
tus blancas manos, suaves como las uvas.
Poema V
Para
que tu me ouças
minhas
palavras
se
adelgaçam às vezes
como
as voltas das gaivotas nas praias .
Colar,
cascavel ébrio,
para
as tuas mãos suaves como as uvas .
E vejo
distante as minhas palavras.
Mais
do que minhas são tuas.
Vão
trepando na minha velha dor como nas pedras.
Elas
trepam assim pelas paredes úmidas .
És
tu a culpada deste jogo sangrento.
Elas
estão fugindo da minha guarida escura.
Toda
cheia de tu, toda cheia.
Antes
que tu povoaram a solidão que ocupas,
e
elas estão mais acostumados a minha tristeza do que tu.
Agora
quero que digam o que quero dizer-te
para
que tu ouças como quero que tu ouças.
O
vento da angústia ainda as podem arrastar.
Furacões
de sonhos ainda, às vezes, podem derrubá-las,
Ouça
outras vozes na minha voz dolorida.
Pranto
de velhas bocas, sangue de velhas súplicas.
Ama-me,
companheira. Não me deixes. Segue-me.
Segue-me,
companheira, nesta onda de angústia.
Porém,
se vão tingindo com o amor minhas palavras.
Todas
o ocupas tu, tudo ocupas.
Vou
fazendo de tudo um colar infinito
para
as tuas brancas mãos, suaves como uvas.
No comments:
Post a Comment