Monday, March 24, 2014

Borges, sempre Borges


SOY

Jorge Luis Borges

Soy el que sabe que no es menos vano
que el vano observador que en el espejo
de silencio y cristal sigue el reflejo
o el cuerpo (da lo mismo) del hermano.
Soy, tácitos amigos, el que sabe
que no hay otra venganza que el olvido
ni otro perdón. Un dios ha concedido
al odio humano esta curiosa llave.
Soy el que pese a tan ilustres modos
de errar, no ha descifrado el laberinto
singular y plural, arduo y distinto,
del tiempo, que es de uno y es de todos.
Soy el que es nadie, el que no fue una espada
en la guerra. Sov eco, olvido, nada.

Sou

Sou o que sabe que não é menos vão
Que o vão observador que, no espelho
de silêncio e vidro segue o reflexo
ou o corpo (dá no mesmo) do irmão.
Sou, tácitos amigos, o que sabe
que não há outra vingança que o esquecimento
nem outro perdão. Um deus há concedido
ao ódio humano esta curiosa chave.
Sou o que, em que pese os ilustres modos
de errar, não há decifrado o labirinto
singular e plural, árduo e distinto
do tempo, o que é um e de todos.
Sou o que é nada,  o que não foi uma espada
na guerra. Sou eco, esquecimento, nada.

Ilustração: "A moça diante do espelho" de Pablo Picasso

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