Wednesday, May 02, 2018

Outro poema de Jacques Roubaud


Parmi beaucoup de poèmes

Jacques Roubaud

Parmi beaucoup de poèmes
Il y en avait un
Dont je ne parvenais pas à me souvenir
Sinon que je l’avais composé
Autrefois
En descendant cette rue
Du côté des numéros pairs de cette rue
Baignée d’une matinée limpide
Une rue de petites boutiques persistantes
Entre la Seine sinistrée et l’hôpital
Un poème écrit avec mes pieds
Comme je compose toujours les poèmes
En silence et dans ma tête et en marchant
Mais je ne me souviens de rien
Que de la rue de la lumière et du hasard
Qui avait fait entrer dans ce poème
Le mot “respect”
Que je n’ai pas l’habitude de faire vibrer
Dans les pages mentales de la poésie
Au-delà de lui il ny a rien
Et ce mot ce mot qui ne bouge pas
Atteste la cessation de la rue
Comme un arbre oublié de lespace

ENTRE MUITOS POEMAS

Entre muitos poemas
houve um
do qual não conseguia me lembrar
exceto que o havia composto
há muito tempo.
Enquanto descia por esta rua
do lado dos números pares
Banhado por uma límpida manhã
Uma rua de lojas pequenas persistentes
entre o Sena danificado e o hospital.
Um poema escrito com meus pés.
Como eu sempre componho meus poemas,
em silêncio,  na minha mente, a caminhar.
Mas, não me lembro de nada
tão somente da rua da luz e do acaso,
que trouxe a esse poema
a palavra "respeito"
Que não costumo fazer vibrar
nas páginas mentais da poesia.
Mais além dela nada há
E essa palavra essa palavra que não se move
anuncia o final da rua
Como uma árvore esquecida do espaço. 


Ilustração: PxHere.

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