BOLERO
Julio
Cortázar
Qué
vanidad imaginar
que
puedo darte todo, el amor y la dicha,
itinerarios,
música, juguetes.
Es
cierto que es así:
todo
lo mío te lo doy, es cierto,
pero
todo lo mío no te basta
como
a mí no me basta que me des
todo
lo tuyo.
Por
eso no seremos nunca
la
pareja perfecta, la tarjeta postal,
si
no somos capaces de aceptar
que
sólo en la aritmética
el
dos nace del uno más el uno.
Por
ahí un papelito
que
solamente dice:
Siempre
fuiste mi espejo,
quiero
decir que para verme tenía que mirarte.
BOLERO
Que
vaidade imaginar
que
posso te dar tudo, o amor e a felicidade,
itinerários,
música, brinquedos.
É
certo que é assim:
tudo
meu te dou, é certo,
porém,
tudo o meu não te basta
como
a mim não basta o que me dá
tudo
o teu.
Por
isso não seremos nunca
o
casal perfeito, o cartão postal,
se
não somos capazes de aceitar
que
somente na aritmética
o
dois nasce do um mais um.
Por
aí papelzinho
Que
somente diz:
sempre
foste o meu espelho,
quero
dizer que, para me ver, tinha que te olhar.
Ilustração:
Bing.
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