Charles-Ferdinand
Ramuz
Plus
je vieillis et plus je croîs en ignorance,
plus
j’ai vécu, moins je possède et moins je règne.
Tout
ce que j’ai, c’est un espace tour à tour
enneigé
ou brillant, mais jamais habité.
Où
est le donateur, le guide, le gardien?
Je
me tiens dans ma chambre et d’abord je me tais
(le
silence entre en serviteur mettre un peu d’ordre),
et
j’attends qu’un à un les mensonges s’écartent:
Que
reste-t-il? que reste-t-il à ce mourant
qui
l’empêche si bien de mourir? Quelle force
le
fait encor parler entre ses quatre murs?
Pourrais-je
le savoir, moi l’ignare et l’inquiet?
Mais
je l’entends vraiment qui parle, et sa parole
pénètre
avec le jour, encore que bien vague:
“Comme
le feu, l’amour n’établit sa clarté
que
sur la faute et la beauté des bois en cendres…”
O IGNORANTE
Quanto
mais envelheço, mais cresço em ignorância,
quanto
mais vivo, menos possuo e menos reino.
Tudo
o que tenho é um espaço, por sua vez
com
neve ora brilhante, mas nunca habitado.
Onde
está o donatário, o guia, o guardião?
Eu
estou no meu quarto e permaneço calado
(o silêncio entra como servo para pôr ordem),
e
espero que, uma a uma, as mentiras se descartem:
Que
resta? O que resta a este moribundo
que
o impede de morrer tão bem? Que força
o
leva ainda a falar entre quatro paredes?
Poderia
saber, eu, o ignaro, eu o inquieto?
Mas,
é certo que posso entendê-lo falando, e sua fala
penetra-me
com o dia, ainda que bem vaga:
“Como
o fogo, o amor não estabelece sua claridade
senão
pela falta e na beleza das cinzas da madeira ... ”
Ilustração:
https://docplayer.com.br/.
1 comment:
Não passamos de breves aves esvoaçantes. Que vivem num tempo preciso.
E partem sem nada levar.
Por vezes sinto - me tão ignorante com tamanho pesar.
Um sorriso de luz.
Megy Maia
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