Bem mais novo e vaidoso
tive o desejo de ser
o destruidor das certezas,
o farol das verdades ocultas,
o paladino da beleza
e a régua da verdade.
Hoje, vejo na realidade,
quando as coisas andam tão tortas,
que o previsivelzinho se tornou improvável
e que o certo, o desejável
é ficar quieto, ter sombra e coco verde
para não brigar com as línguas podres
e as mentes deturpadas.
Assim me tornei covarde
até por não adiantar nada
desejar colocar ordem no caos.
Aprendi, com muito estudo,
que o amor não vence tudo,
mas, dá um prazer danado
e a capacidade inigualável
de rir de uma balbúrdia inimaginável.
Ilustração: Alessandra Fratus.
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