Sunday, December 26, 2021

BALBÚRDIA

 


Bem mais novo e vaidoso

tive o desejo de ser 

o destruidor das certezas, 

o farol das verdades ocultas, 

o paladino da beleza

e a régua da verdade. 

Hoje, vejo na realidade,

quando as coisas andam tão tortas, 

que o previsivelzinho se tornou improvável

e que o certo, o desejável 

é ficar quieto, ter sombra e coco verde

para não brigar com as línguas podres

e as mentes deturpadas.

Assim me tornei covarde

até por não adiantar nada

desejar colocar ordem no caos.

Aprendi, com muito estudo, 

que o amor não vence tudo, 

mas, dá um prazer danado 

e a capacidade inigualável 

de rir de uma balbúrdia inimaginável. 

Ilustração: Alessandra Fratus. 

 

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