CORPO DESANIMADO
Que
eu não sou mais eu/me esclarece o espelho/onde um olhar vermelho/parece não
cessar/ de muito reclamar/ de pretender chorar./Bem sei, não vai passar,/pois,
nem me reconheço/nas palavras que teço/ sem versos, melodias, rimas/despidas de
beleza,/flores despetaladas,/ páginas tão manchadas/ das tintas dos escritos/
que são como se gritos/ de socorro somente,/mas, que são só as sementes/de
dores e tristezas./Não sou mais nem poeta/ exilado dos sonhos/ me sinto
separado/dos prazeres risonhos/ do teu olhar e beijos/castrado de desejos./ Me
sinto um prisioneiro/ julgado e condenado/ que tem por derradeiro/ castigo
aplicado/amar e sendo amado/viver sem seu amor/eternamente preso as cadeias da
dor.
Ilustração: Rita Santos.
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