Sunday, December 12, 2021

LXXXV

 


Sei que estou estranho,

indiferente, silencioso, apático,

quase um vegetal humano.

Nem penso

que me comporto

como se enfiasse um punhal no teu peito –

e isto, bem sei, não é direito.

 

Sei que deveria ter te procurado,

estar do teu lado,

ter contigo almoçado,

 

sem ficar assim tão depressivo,

tão sem forças,

tão contente em nada fazer,

sem motivo,

exceto dormir e comer.

 

Talvez, nem me queiras mais,

cansada, que sei que estás,

de esperar por algum sinal meu.

E aqui continuo inerme,

preguiçoso, dormindo,

esperando os dias passarem

em lenta agonia.

 

E me justifico,

antes de apagar a luz e ir dormir:

talvez, não seja o dia,

talvez, não seja a hora,

e, em profunda letargia,

afirmo que é culpa da pandemia!





 

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