Monday, February 28, 2022

COMO SE....

 


Não creio em nada mais, ó criatura,

Se não vejo o escuro nem sequer a luz.

Até se falo mais de uma língua

Nenhum significado minha boca produz.

 

É que em minha vida tudo se desfigura

Como pétalas de uma rosa fenecida,

E se, para um deus, ainda faço juras,

Não creio nesta quanto mais em outra vida.

 

Desalentos, tédios e cansaços

São o que me sobram de toda brincadeira

E quedo mole, pernas e braços lassos.

 

E, para recuperar-me de todas as canseiras

Invento poesias, desenhos, traços 

Como se as coisas fossem verdadeiras.

Ilustração: http://blogdoalanribeiro.com.br/. 

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