Alejandro Céspedes
E, sem embargo, todas as indigências nos levam ao amor.
Talvez não compreendas
que tudo o que está à
margem nos situa
no meio de seu sumidouro
escuro.
Talvez não compreendas,
amar é a intenção,
porém o amor é sombreado
por perguntas,
as cem mil faces da mesma
ruína.
Compartilhamos suas
ruínas sem insistir nelas,
sem levantar ficções nem
causas refratárias, sem ressentimentos
porque pintamos as
balizas de preto
que teriam nos salvado de
encalhar na perda,
sem todas as suas
metástases, sem ardor nem ridículo,
sem encher nossa
inocência com napalm…
No melhor renasceríamos.
Talvez não compreendas
Que no melhor
renasceríamos
sem avaliar a água que
despejamos,
sem dar à balança o pão
que não comemos,
sem levantar as forcas do
receio,
sem expiar nelas os
pecados que nos inocularam
esses ganchos do antigo
abandono que nos tornam parentes
de qualquer solidão
insuportável.
Talvez não compreendas...
O sangue não nos mancha.
A chuva não nos molha.
A luz só serve
para beijar a boca da
ferida.
Ilustração: Portal Raízes.
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