Á VENDRE
Cécile Coulon
C´est un morceau de terre
noire entre deux vallées
entretenues par des
troupeaux de vaches,
de brebis et des orages furieux ;
c´est dans le poing fermé des falaises
un minuscule caillou en forme de maison
que les arbres et la montagne auront
bientôt avalé.
Un endroit comme un visage sans yeux
flanqué d´une pauvre
route
où les hommes ont péri,
c´est peut-etre du feu de mon enfance
la dernière braise :
il n´y a plus de lumière
blanche au plafond
ni de volets qui grincent
aux fenêtres du salon,
c´est un carré d´argile
irrégulier qui surplombe
un bras d´eau long comme
une tige de coquelicot
vue du ciel.
Il faut marcher longtemps
pour atteindre la
fontaine,
apporter à ta bouche
séchée la source des rochers
et raviver la flamme
au cœur de ce morceau de
terre tenu serré
dans la paume du soleil.
Nous sommes montés si haut pour, enfin, vivre hors du monde,
pour, enfin, s´approcher des oiseaux
et toucher les flocons
qu´il m´est impossible, à
présent, de redescendre.
Les herbes ont tout dévoré,
la rambarde chancelante
est couverte
de poussière et de toiles
d´araignée ;
ils disent qu´il faudrait
VENDRE
comme le reste
VENDRE
les bandes dessinées, la
ferme, le lait, le terrain
le parc autour du petit
manoir où nous enterré
le chien
VENDRE
mon corps, ma voix, la
couleur de mes cheveux
tant qu´il est encore
temps.
pendant qu´ils prennent
de lourdes décisions
j´attends contre le
vaisselier avec une cigarette
éteinte à la main
que je n´ose pas allumer
à cause de l´odeur, de la
fumée ;
VENDRE
dehors le volcan voisin a
mis ses laines d´hiver
il y a des taches noires
dessus
et tandis qu´il s´agit,
une fois encore,
de VENDRE,
je songe à ce morceau de
terre entre deux vallées
où nous n´irons jamais
ensemble.
À VENDA
É um pedaço de terra negra entre dois vales
habitados
por rebanhos de vacas,
de
ovelhas e tempestades furiosas;
no
punho cerrado dos rochedos
é um
seixo minúsculo em forma de casa
que as
árvores e as montanhas
de pronto
haviam devorado.
Um
lugar como um rosto sem olhos
onde os homens pereceram,
talvez seja o fogo da minha infância
a última brasa:
Já não há mais luz branca no teto
nem persianas rangendo nas janelas da
sala,
é um quadrado de argila irregular que sobressai
um braço de água largo como um talo de
papoula
vista do céu.
Há que andar muito tempo
para alcançar à fonte,
levar
a tua boca seca o manancial das rochas
e
reavivar a chama
no
coração desse pedaço de terra sustentado,
apertado
na mão do sol.
Subimos
tão alto para, ao fim, viver fora do mundo,
para,
ao fim, aproximar-se dos pássaros
e
tocar os flocos,
que
agora me é impossível descer.
A erva
há devorado tudo,
a
precária balaustrada se há coberto
de pó
de teias de aranha.
Eles
dizem que teria que VENDER
que
só me resta
VENDER
as histórias em quadrinhos, fazenda,
leite, terra
o parque ao redor da pequena mansão onde
enterramos
o cachorro
VENDER
meu corpo, minha voz, a cor do meu cabelo
enquanto ainda há tempo.
Enquanto eles tomam severas decisões.
Eu espero encostado na cômoda com um
cigarro
extinto à mão
que não me atrevo a acender
por causa do odor, da fumaça;
VENDER
fora do vulcão vizinho vestiu sua lã de
inverno
há
posto sua roupa de inverno
e há manchas negras nela,
enquanto se trata mais uma vez
de VENDER,
Eu
sonho com este pedaço de terra entre dois
vales
aonde
nunca iremos juntos.
Ilustração: Sthe on Road.
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