Thursday, October 30, 2025

BICHOS


Há bichos e bichos. 

Bichos amigáveis, inimagináveis, estranhos.

Os que só aparecem nos sonhos. 

Bichos que não podemos pensar 

que não são bichos

por nos iludir e aparentar

uma forma humana. 

Há o bicho feroz, 

o manso, o triste, o da semana. 

Há os bichos pré-históricos, 

os extintos, os de ficção. 

Há os bichos invisíveis 

que os olhos não veem não. 

Há os bichos terríveis 

como dizem ser o dragão 

e bichinhos fiéis 

como a cachorrinha da Rute, 

que vive aos seus pés. 

Ilustração: Bicho de Antônio Bandeira. 

Outra poesia de Alejandra Arroyo

DOS GATOS  

Alejandra Arroyo

en el edificio de enfrente
hay dos gatos asomados a la ventana
nos preocupa la posibilidad
de que se caigan
en el supermercado de al lado
hay una señora que deja dos artículos
nos preocupa la posibilidad
de que no se haya equivocado

Ilustração: Pinterest. 


Uma nova poesia de Giorgio Caproni

 


ALBA

Giorgio Caproni

Amore mio, nei vapori d’un bar
all’alba, amore mio che inverno
lungo e che brivido attenderti! Qua
dove il marmo nel sangue è gelo, e sa
di rinfresco anche l’occhio, ora nell’ermo
rumore oltre la brina io quale tram
odo, che apre e richiude in eterno
le deserte sue porte? … Amore, io ho fermo
il polso: e se il bicchiere entro il fragore
sottile ha un tremitìo tra i denti, è forse
di tali ruote un’eco. Ma tu, amore,
non dormi, ora che in vece la tua già il sole
sgorga, non dirmi che da quelle porte
qui, col tuo passo, già attendo la morte.

AURORA

Meu amor, nos vapores de um bar

de madrugada, meu amor, que inverno

muito tempo e que emoção esperar! Aqui

onde a bola de gude no sangue é gelo, e sabe

o olho, agora no eremita, também se refresca

barulho além da geada eu que bonde

eu ouço, que abre e fecha para sempre

suas portas desertas? … Amor, eu parei

o pulso: e se o vidro dentro do acidente

magro tem um tremor nos dentes, talvez

um eco dessas rodas. Mas você, amor,

você não dorme, agora que no lugar do seu o sol já está brilhando

flui, não me diga que vem daquelas portas

aqui, com o seu passo, já aguardo a morte.

Ilustração: Adventure Club.

 

Wednesday, October 29, 2025

Modo de Ser

 


No Dia Nacional da Poesia

não saberei explicar,

nem por magia, 

esta minha insistência,

inútil persistência,  

em escrever poesias. 

Deve ser  para me sentir

lúcido ou vivo-

se bem que é um modo de ser fugitivo

da realidade. 

Mas, penso de verdade

que faz parte do meu ser. 

Sem poesia nem no espelho

me consigo ver.  

Ilustração: Editora Frutificando. 

Uma poesia de Alejandra Arroyo



 LA IDEOLOGIA 

Alejandra Arroyo

a veces no sé por qué escribo poemas

un poemario es la consecución de un idiolecto

el contenido ficción, las palabras escogidas la ideología

que sostiene

mis manos

esta noche

IDEOLOGIA

Às vezes não sei por que escrevo poemas.

Um livro de poemas é a consecução de um idioleto.

O conteúdo é ficção, as palavras são escolhidas, a ideologia que sustém
minhas mãos
esta noite.

O Sonho Familiar de Paul Verlaine

 


MON RÊVE FAMILIER

Paul Verlaine

Je fais souvent ce rêve étrange et pénétrant
D’une femme inconnue, et que j’aime, et qui m’aime,
Et qui n’est, chaque fois, ni tout à fait la même
Ni tout à fait une autre, et m’aime et me comprend.

Car elle me comprend, et mon coeur transparent
Pour elle seule, hélas! cesse d’être un problème
Pour elle seule, et les moiteurs de mon front blême,
Elle seule les sait rafraîchir, en pleurant.

Est-elle brune, blonde ou rousse? Je l’ignore.
Son nom? Je me souviens qu’il est doux et sonore,
Comme ceux des aimés que la vie exila.

Son regard est pareil au regard des statues,
Et, pour sa voix, lointaine, et calme, et grave, elle a
L’inflexion des voix chères qui se sont tues.

MEU SONHO FAMILIAR
Eu tenho frequentemente este sonho estranho e inquietante

Com uma mulher desconhecida, a quem amo e me ama,

E que, a cada vez, não é uma única mulher

Nem outra, de fato, e me compreende e sente.

Pois ela me compreende, e meu coração transparente

Só por ela, ai de mim!, deixa de ser um problema

Só por ela, e o orvalho em minha testa pálida,

Só ela sabe transformar em frescura envolvente.

Ela é morena, loira ou ruiva? Eu ignoro.

Seu nome? Lembro-me que é doce e sonoro,

Como das pessoas amadas que a vida levou para o além.

Seu olhar é como o olhar de estátuas,

E sua voz longínqua, e calma, e grave, tem
Certas inflexões emudecidas de vozes amigas.

Ilustração: Dreamstime.

Uma Canção na Cabeça


Não me aborreça!

Uma canção na cabeça

insiste em ficar grudada

como se fosse uma toada

que não se afasta por nada. 

Uma canção na cabeça

ecoa de forma infinda, 

ora triste, ora linda, 

mas num ritmo constante 

sem parar, indo adiante.

Uma canção na cabeça

não permite que me esqueça 

que a vida como o som 

vive subindo de tom 

até mesmo assim a esmo

feito uma canção na cabeça

que tantas coisas me causa, 

seja efeito ou prejuízo 

e me perturba o juízo.   

Ilustração: Uma Música na Mente: Causas, Efeitos, Prejuízos.

Friday, October 24, 2025

Uma poesia de Manuel Mata

JUNTOS

Manuel Mata

Todas las horas que pasamos juntos se han
convertido en apenas un
milímetro de mi cerebro pero
por ese milímetro acaba pasando
toda mi sangre.

JUNTOS
Todas as horas que passamos junto se hão
convertido em apenas um
milímetro de meu cérebro, porém
por esse milímetro acaba passando
todo o meu sangue. 
Ilustração: Palavra de amor, Palavra. 

Monday, October 20, 2025

Não Aprendi a Dizer Adeus

 


Talvez seja por sentir 

que o amor seja múltiplo e divisível.

Talvez a idade nos torne mais sensível 

ou nosso sonho não seja possível. 

Talvez seja somente por ser o fim

de um ciclo de amor e de felicidade

ou por serem as lágrimas 

o caminho da verdade. 

Talvez seja somente 

o fato de partir e a tristeza  

que, com certeza, vou sentir. 

O ter de optar

pela realidade

contra sua própria vontade. 

Talvez por serem as belas canções 

e os maiores amores 

frutos da inspiração em dores,

mesmo sabendo do poeta que, em mim, existe

não consigo sentir neste dia

nenhum fiapo de poesia. 

Dizer adeus é sempre muito triste. 

Uma poesia de José Eugenio Sanchez

 


SI NO ES CON TU PRESENCIA

(José Eugenio Sánchez)

esa canción se toma mi vida de un sólo trago

esa canción me detiene en los muelles de tus piernas

esa canción

es una esponja en tu mirada y me lleva

de tu sombra a tu bahía

esa canción

es una copa de nocturno tinto

y tengo sed de luz

cruda de estrelas

SE NÃO É COM A TUA PRESENÇA

essa canção engole minha vida de um só trago

essa canção me detém nas molas das tuas pernas

essa canção

é uma esponja no teu olhar e me leva

da tua sombra para a tua baía

essa canção

é uma taça noturna de vinho

e eu tenho sede da luz

crua das estrelas

Ilustração: Soundcloud.

Sunday, October 19, 2025

Outra poesia de Beatriz de La Vega

 


Beatriz de La Vega

Algunas noches cuando todos duermen
me escapo en silencio al monte
a llorarle a la luna.

Porque de día una madre es invencible
y no debe andar aullando por las esquinas.

Otras, sin embargo, salto por los tejados
con el arco y las flechas
buscando enemigos escondidos y batallas.

Alguien para salvar.
A cualquiera menos a una misma.

Algumas noites, quando todos dormem,

eu escapo em silêncio para ao monte

para chorar para a lua.

Porque de dia uma mãe é invencível

e não deveria andar uivando pelas esquinas.

Outras vezes, sem embargo, salto pelos telhados

com o arco e as flechas

buscando inimigos escondidos e batalhas.

Alguém para salvar.

Qualquer um, menos a mim mesmo.

 

Saturday, October 18, 2025

Da Dificuldade de Ser


Não ser nós seremos

antes e depois

de sermos. 

Não ser 

é a forma mais fácil 

do mundo. 

Para ser 

o buraco é mais fundo,

pois se faz necessário

esforço, sacrifício. 

Ser, meu amigo, sempre foi difícil. 

Friday, October 17, 2025

O Amor pela terra de Paul Verlaine

 



                         L’AMOUR PAR TERRE     

Paul Verlaine               
Le vent de l’autre nuit a jeté bas l’Amour
Qui, dans le coin le plus mystérieux du parc,
Souriait en bandant malignement son arc,
Et dont l’aspect nous fit tant songer tout un jour!

Le vent de l’autre nuit l’a jeté bas ! Le marbre
Au souffle du matin tournoie, épars. C’est triste
De voir le piédestal, où le nom de l’artiste
Se lit péniblement parmi l’ombre d’un arbre,

Oh! c’est triste de voir debout le piédestal
Tout seul! Et des pensers mélancoliques vont
Et viennent dans mon rêve où le chagrin profond
Évoque un avenir solitaire et fatal.   
Oh! c’est triste! - Et toi-même, est-ce pas! es touchée
D’un si dolent tableau, bien que ton oeil frivole
S’amuse au papillon de pourpre et d’or qui vole
Au-dessus des débris dont l’allée est jonchée.

O AMOR PELA TERRA                   

O vento de outra noite derrubou o amor
que no canto mais misterioso do parque
sorria brandindo malicioso o seu arco
e que um dia nos fez sonhar com tanto ardor!

O vento da outra noite o derrubou! O mármore
à brisa matinal rola, esparso. E é triste
olhar o pedestal, onde o nome do artista
mal se pode ler entre as sombras de uma árvore.

Oh! como é triste ver somente o pedestal
de pé! E, no meu pobre e atormentado sonho,
os pensamentos maus vão e vêm, no medonho
pressentimento de um futuro solitário e fatal.

Como é triste! E tu não és?  emocionada
ante o quadro dolente, se bem que olhando à toa
a borboleta de ouro e púrpura que voa
sobre destroços de que a avenida está juncada.

Ilustração: Paulo Borges. 



Thursday, October 16, 2025

Mais uma poesia de Mayi Eloisa Martinez

 


Figura fondo

Mayi Eloísa Martinez

Estoy en la fotografía de una ciudad
Me desfiguro ahí
Como un trozo de algo
Pero llámame persona
Un transeúnte más
Un acento
Sé sobre el tiempo
Escucho conversaciones
Y me gustaría saber menos
Creo
Ser texto
El par de oraciones consecutivas que habla de un no sentir
Dime
¿Qué dice el humano aislado?

FIGURA AO FUNDO

Estou na fotografia de uma cidade

Me desfiguro ali

Como um pedaço de algo

Porém chamam-me de pessoa

Um transeunte mais

Um sotaque

Sei sobre o tempo

Escuto conversas

E gostaria de saber menos

Creio

Ser um texto

O par de frases consecutivas que falam de um não sentir

Diga-me

O que diz o ser humano isolado?

Ilustração: Boa Consulta.


Wednesday, October 15, 2025

E, mais uma vez, Stella N'Djoku

 


1.

Stella N’Djoku 

Li ricordo

quelli che muoiono a primavera

 

Li riconosci- potresti trovarli ancora

tra i fiori

 

C’era la pioggia battente

qualcuno a casa ad aspettarli

il viso attaccato alle porte

 

C’è un gran viaggio di mezzo

isole e libri come zattere

la traversata del mare

 

E silenzio

troppo grigio per amare

 

E amore

troppo per restare

1.

Recordo eles

daqueles que morrem na primavera

 

Você os reconhece-poderia encontrá-los outra vez

entre as flores

 

Havia uma chuva forte

alguém em casa esperando por eles

o rosto colado às portas

 

Há uma grande viagem no meio

ilhas e livros como jangadas

a travessia do mar

 

E silêncio

cinzento demais para amar

 

E amor

demais para ficar

Ilustração: Google Play.

Monday, October 13, 2025

Luis de Góngora

 


EN EL SEPULCRO DE LA DUQUESA DE LERMA

Luis de Góngora

Ayer deidad humana, hoy poca tierra:
Aras ayer, hoy túmulo, oh mortales!
Plumas, aunque de águilas reales,
Plumas son; quien lo ignora, mucho yerra.

Los huesos que hoy este sepulcro encierra,
A no estar entre aromas orientales,
Mortales señas dieran de mortales;
La razón abra lo que el mármol cierra.

La Fénix que ayer Lerma fue su Arabia
Es hoy entre cenizas un gusano,
Y dé consciencia a la persona sabia.

Si una urca se traga el oceano,
¿Qué espera un bajel luces en la gavia?
Tome tierra, que es tierra el ser humano

NA SEPULTURA DA DUQUESA DE LERMA  

Ontem divindade humana, hoje pouca terra:

Ontem arado, hoje túmulo, ó mortais!

Plumas, ainda que de águias reais,

Plumas são; quem o ignora, muito erra.

 

Os ossos que hoje este túmulo encerra,

Ao não estar entre aromas orientais,

Sinais mortais dariam de mortais;

A razão abra o que o mármore cerra.

 

A Fênix que ontem Lerma foi sua Arábia

É hoje um verme entre os restos,

E dá consciência a uma pessoa sábia.

 

Se um veleiro engole o oceano,

O que um navio espera de um mastro?

Tome terra, pois é terra o ser humano.

Ilustração: Museo del Prado.

 

Um poema de Andrea Rexilius

 



            THE WAY THE LANGUAGE WAS

         Andrea Rexilius

         The day the deer died,

         I was alive in my house.

         I was alive in a watery field

         of glaciers. In the realm

         of birchwood in my throat.

         The day the robins wept, the day

         foxes ran from the woods on fire.

         I was alive in a decade. Sometimes

         dreaming of another region

         was my religion. It was

         a place before trees, prior

         to the flame. When the deer died,

         I was in my house dreaming. Then

         the drought came. Cessation

         of sound. Flames as red as apples

         lodged inside my throat hissing.

        A MANEIRA COMO A LINGUAGEM ERA

        No dia em que o veado morreu,

        eu estava vivo na minha casa.

        Eu estava vivo num campo aquático

       de geleiras. No reino

       da madeira de bétula na minha garganta.

       O dia em que os tordos choraram, o dia

       em que as raposas correram da floresta em chamas.

       Eu estava vivo em uma década. Algumas vezes

       sonhar com outra região

       era minha religião. Era

       um lugar antes das árvores, antes

       da chama. Quando o veado morreu,

       eu estava sonhando em minha casa. Então

       veio a seca. Cessação

       do som. Chamas vermelhas como maçãs

       alojaram-se dentro da minha garganta, sibilando.

       Ilustração: Pexels.

 

   

  

THE                 

Sunday, October 12, 2025

Uma poesia de Beatriz de La Vega

 


ESCRIBIR Y VIVIR AL MISMO TIEMPO ES IMPOSIBLE

Beatriz de La Vega

Cuando escribes no respiras.
Dejas a un lado los quehaceres y las compras,
la familia.
Por eso siempre eran hombres
mujeres locas o suicidas.

Escribir es un rito para atrapar lo invisible.
Para llorar.
Para las que queremos llorar y no sabemos.

Escribo para no volverme piedra.

ESCREVER E VIVER AO MESMO TEMPO É IMPOSSÍVEL

Quando escreves, não respiras.

Deixas de lado as tarefas, compras,

a família.

É por isso que sempre os homens mulheres foram

loucos ou suicidas.

 

Escrever é um rito para capturar o invisível.

Para chorar.

Para os que querem chorar, mas não sabem como.

 

Escrevo para não voltar a ser pedra.

 



OPÇÃO


Depois que te beijei, 

meu amor,  bem sei

não mais escrevi um verso sequer

de amor para você. 

Não vou me desculpar,

nem explicar

que cada minuto nosso é poesia

ou que há uma escolha em minha via: 

escrever ou viver. 

Voltarei a escrever um dia-

meu coração me diz-

para mostrar como sou feliz. 

Porém, agora não. 

Só posso te dizer:

deixa-me sentir a sensação

de ter tanto prazer. 

Minha mais doce ocupação 

é beijar você!!

Ilustração: Homem Alpha. 

Saturday, October 11, 2025

Ainda Stella N'Djoku

 


2.

Stella N’Djoku 

Trovavo semplice

percorrere ogni giorno gli stessi

corridoi sedermi al lato del letto

 

Rimettevo le mie nelle tue mani

le nostre similitudini

 

tra le palpebre e i pioppi

 

La vita non finisce,

tornerai a casa.

 

Che ne sa

chi ha appeso a un unico crine

la spada che pende sulla testa di Damocle.

2.

Achei fácil

percorrer os mesmos corredores todos os dias

sentar ao lado da cama

 

Metendo de novo a minha mão em suas mãos

nossas semelhanças

 

entre as pálpebras e os álamos

 

A vida não finda,

tornarás para casa.

 

O que sabe o

que com um único fio

pendurou a espada sobre a cabeça de Dâmocles?

Ilustração: Crivosoft.

PEDRA, FLOR

 


Encontrei uma pedra no caminho.

Uma pedra imensa,

majestosa na sua pétrea indiferença,

pesada, bruta, bela

na sua forma de ser pedra.

Era uma pedra que sonhava encontrar

para criar beleza, nela lapidar

alguma coisa singular.

E foi com trabalho e amor

que lhe dei corpo e vida.

Fiz dela uma escultura querida.

A pedra virou flor.

Ilustração: Oficina Cenário Leilões.

 

Wednesday, October 08, 2025

Clair de Lune de Paul Verlaine

 


CLAIR DE LUNE

Paul Verlaine

Votre âme est un paysage choisi

Que vont charmant masques et bergamasques,

Jouant du luth et dansant, et quasi

Tristes sous leurs déguisements fantasques.

 

Tout en chantant sur le mode mineur

L´amaur vainqueur et la vie opportune,

Ils n´ont pas l´air de croire à leur bonheur

Et leur chanson se mêle au clair de lune,

 

Au calme clair de lune triste et beau,

Qui fait rêver les oiseaux dans les arbres

Et sangloter d´extase les jets d'eau,

Les grands jets d'eau sveltes parmi les marbres.

CLARÃO DA LUA

Tua alma é uma paisagem preferida

Onde passam dançantes máscaras,

Tocando alaúde e dançando, e quase

Tristes sob seus disfarces fantasiosos.

 

Enquanto cantam em tom menor

O amor vitorioso e a vida oportuna,

Eles parecem não acreditar em sua felicidade

E sua canção se mistura com o luar,

 

Com o luar calmo, triste e belo,

Que faz os pássaros sonharem nas árvores

E as fontes soluçarem em êxtase,

As grandes fontes esguias entre o mármore.

Ilustração: Freepik.