William Shakespeare
Sin of self-love possesseth all mine eye
And all my soul and all my every part;
And for this sin there is no remedy,
It is so grounded inward in my heart.
Methinks no face so gracious is as mine,
No shape so true, no truth of such account;
And for myself mine own worth do define,
As I all other in all worths surmount.
But when my glass shows me myself indeed,
Beated and chopp'd with tann'd antiquity,
Mine own self-love quite contrary I read;
Self so self-loving were iniquity.
'Tis thee, myself, that for myself I praise,
Painting my age with beauty of thy days.
62
O pecado do amor-próprio possui todo o meu olhar
E toda a minha alma, e toda parte de mim;
E para este pecado não há remédio a se tomar,
E para este pecado não há remédio a se tomar,
Tão arraigado está em meu coração no fim.
Eu penso que não há rosto igual quando me fito,
Nem figura humana com tanto ou maior calor;
E, para mim mesmo, elogio o meu próprio mérito,
E vejo-o, quando me comparo, ainda muito maior.
Porém, quando o espelho me mostra de verdade,
Golpeado e enrugado pela antiguidade,
Este amor-próprio ao contrário do que leio;
Semelhante amor me parece iniqüidade.
És tu, eu, que para mim mesmo eu elogio,
Pintura da minha idade, a beleza do teu dia.
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