Monday, June 22, 2015

Outro soneto de Neruda

 
Soneto LXXXIII                                                          

Pablo Neruda


Es bueno, amor, sentirte cerca de mí en la noche,
Invisible en tu sueño, seriamente nocturna,
Mientras yo desenredo mis preocupaciones
Como si fueran redes confundidas.

Ausente, por los sueños tu corazón navega,
Pero tu cuerpo así abandonado respira
Buscándome sin verme, completando mi sueño
Como una planta que se duplica en la sombra.

Erguida, serás otra que vivirá mañana,
Pero de las fronteras perdidas en la noche,
De este ser y no ser en que nos encontramos

Algo queda acercándonos en la luz de la vida
Como si el sello de la sombra señalara
Con fuego sus secretas criaturas.

Soneto LXXXIII

É bom, amor, sentir que estais perto de mim na noite,
Invisível em teu sono, sinceramente noturno,
Enquanto eu desenredo minhas preocupações
Como se fossem redes confusas.

Ausente, pelos sonhos, o teu coração navega,
Porém, o teu corpo abandonado respira
Buscando-me sem me ver, completando o meu sono
Como uma planta que se duplica na sombra.

Ereta, serás outra que viverás amanhã,
Porém, das fronteiras perdidas na noite,
Deste ser e não ser em que nos encontramos

Algo fica se aproximando na luz da vida
Como se o selo da escuridão marcasse
Suas  secretas criaturas com fogo.


Ilustração: fanfics.com.br

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