Monday, June 13, 2016

OS VOOS DO SENTIR (III)

VIII   
                                                
E não ficar significa não sentir
nada
já que a chegada é igual à partida
ou assim é
ou assim me parece
e, para mim, o que parece é
porque não tem sentido
se assim não for
e, se tem, pouco me importa.
Como não sinto
posso me dar ao luxo de ser objetivo
e não acreditar em mistérios e essências
nem que são precisos motivos
para sentir, ou não,
quando tudo é fugaz ilusão.

IX

As aparências! As aparências!
Único real.
Pedra é pedra.
Pau é pau.
Terra, terra.
Sinto que tudo é igual
por meu sentir
não sentir nada
se abstrai tanto
quanto as palavras
e a tudo se aplica.
Como tudo que não fica
o que complica
é que toda compreensão
pelos sentidos passa
e eles nos enganam- olha a graça-
mas, se assim é
as coisas não são o que são
por nada ser o que parece que é
e apenas aparentar.

X

Mas, o meu sentir onde está
que não sinto?
Será este não sentir
que tudo sente
que mente
quando na vida vê graça?
Abstração real.
Tudo me parece incerto, desigual
e, no fim, o sem sentido permanece
porque sentir ou não sentir
é sem importância,
pois, afinal
seja o saber ou a ignorância
seja de que tamanho for
não se pode medir
e tem o mesmo valor
por ser somente uma forma de sentir.

Ilustração: keepcalmbrazil.wordpress.com



No comments: