Tuesday, May 28, 2024

A DANÇA DA VIDA

 


Se formos pensar

Tudo que existe nada nos importa

E, no fim, tudo pesa

Como a folha ao vento.

Mundo passageiro

Como um sonho breve

Ou um jogo ligeiro.

 

Nada levamos desta vida.

Seja a glória, a fama, amor, dinheiro.

É tudo apenas uma memória

Como se a lembrança

De uma partida bem jogada.

O contentamento, depois o nada.

 

A glória pesa como um fardo.

A fama, uma febril ilusão.

O amor, no final, uma prisão.

O dinheiro, um logro mascarado

de termos feito um jogo bem jogado.

 

A vida, no entanto, joga xadrez

conosco como uma inteligência artificial:

é impossível ganhar no final.

O xeque mate nos foi dado no nascimento,

no momento da primeira jogada.

Devemos felizes nos sentir pelo jogo

e mais nada.

 

E é verdade que, alguns,

por meio da ciência , ou pelo vinho,

pensam ter, por um momento, uma vitória.

Porém logo a morte ou a idade

encerra o sentimento de felicidade.

As sombras chamam por nós:

cala-se a voz.

 

Talvez, por algum tempo,

fique a lembrança.

O sonho, no entanto,

já se foi,

depois se vai a memória

e o jogo se esvai,

com as peças retiradas,

para a vala comum do esquecimento.

Ilustração: Verve Blog-WorldPress.com. 

 

 

 

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