Estamos aqui,
Tu e eu,
de repente, envolvidos na
mágica do desejo
deitados sob o céu
estrelado
testemunha imensa e muda
de palavras e gestos de
carinhos
que, amanhã,
talvez tenhamos certeza
de ter inventado
como a forma de
explicação
para aceitar o
inexplicável.
Agora,
nada mais é necessário
além de encostar minha
boca na tua
e devagar
sugar a língua
como quem saboreia o
sonho,
a vida, o momento, a
alegria
com a satisfação e o
espanto
de criança que descobre o
pecado...
Não é uma noite,
no entanto, para grandes
pensamentos
ou preocupações com
pequenas tristezas.
A tendência pressentida
de ser
assim impossivelmente um
do outro
nos exige carícias,
concentração,
adivinhações e
experimentos da mão,
da pele, da medida exata
do toque,
da palavra e do silêncio.
Entre lençóis,
o prazer e os gemidos
inundam a cama
e inesperadamente
explodem
nos suaves afagos de tuas
mãos
e nas palavras
desarticuladas
que a tudo dá sentido.
O brilho dos teus olhos
de menina ilumina a noite
e, sem explicações,
justifica a existência e
o amor
sem palavras,
silenciosamente.
Ilustração: Portal 6.
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