Aquelas confidências vagas que me fazia
Foram um começo de desejo e gozo
Que as nossas peles suadas pressentiam
No meio do calor, da meia luz e da fumaça.
Havia certa graça nas vozes velozes
Que se misturavam numa babel de preces
Ao desconhecido deus que fez o amor e o álcool
Para a liberação dos instintos mais selvagens.
E foi estranho porque o encanto mútuo
Criou uma intimidade impossível num quarto,
Porém ali, em meio ao público, pareceu natural
Tanto que nos beijamos quase automaticamente
Com uma inocência infantil que nos absolveu
De toda a maldade que os risos fizeram circular
E, pelo olhar que me deu, quase me sinto um santo
Quase consigo acreditar num ser qualquer
Que programasse, ao acaso, momentos encantados
Nos quais, os sorteados, como nós, ali, éramos
Pudessem ver que há algo além da falta de sentido
Que permeia toda loucura que somos e fazemos.
Senti-me tão feliz e compreendi seu pranto silencioso
Em flagrante contraste com o prazer presente
Nos menores gestos da gente e dos outros
E também chorei mansinho por tudo ser tão belo e frágil!
2 comments:
Silvio: os mistérios indecifráveis do amor...que tudo oculta e a tudo consegue adivinhar...
Boa tarde de quarta-feira e beijos carinhosos.
Silvio: uma boa quinta-feira e fiquei feliz com sua visiota ao meu Cotidiano!
Beijos mil.
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