Sunday, May 17, 2009

UM ESTRANHO NO NINHO



Hão de ver nos teus olhos refletidos
Lagoas de espanto, mares de pasmo
Contrastando com o aparente marasmo
De que todos estarão acometidos.

Hão de sorrir de cada gesto lasso
Que fizeres em busca de um caminho
Farão um tronco de um simples raminho,
Verão nas sombras luzes do fracasso.

Hão de dizer que erras totalmente
Por não saberes nada, ou muito pouco,
Que és um sonhador, és mais um louco,
Que só sabe mexer com toda gente.

Hão de fazer te sentires sozinho
Como se um proscrito, um homem maldito
E, de tempos em tempos, te farão um mito
Quando és apenas um estranho no ninho.

De Apocalypse, 1982

1 comment:

Jefferson Bessa said...

Do mito que se faz ao estranho no ninho que se é.

Um abraço.
Jefferson.