Tuesday, December 29, 2009

JORGE LUIS BORGES


LOS ENIGMAS

Yo que soy el que ahora está cantando
Seré mañana el misterioso, el muerto,
El morador de un mágico y desierto
Orbe sin antes ni después ni cuándo.

Así afirma la mística. Me creo
Indigno del Infierno o de la Gloria,
Pero nada predigo. Nuestra historia
Cambia como las formas de Proteo.

¿Qué errante laberinto, qué blancura
Ciega de resplandor será mi suerte,
Cuando me entregue el fin de esta aventura

La curiosa experiencia de la muerte?
Quiero beber su cristalino Olvido,
Ser para siempre; pero no haber sido.

Os enigmas

Eu sou o que agora está cantando
Serei amanhã o misterioso, o morto,
O morador de um mágico e deserto
Mundo sem antes, nem depois nem quando.

Assim afirmo o místico. Eu creio
Indigno do Inferno ou da Glória
Porém, nada prevejo. Nossa história
Como as formas de Proteu muda com o meio.

Que errante labirinto, que brancura
Cega de resplendor será o meu destino,
Quando me entregar no fim desta aventura

À curiosa experiência da morte?
Quero beber seu esquecimento líquido
Ser para sempre; porém, não haver sido.

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