Thursday, April 05, 2012
Lina Zerón
CONSAGRACIÓN DE LA PIEL
Lina Zerón
No debo amarte en domingo sereno,
ni por el miedo de una tarde de rezos,
ni ahora que los recuerdos son retazos
de gemidos feroces
y tu imagen avive los ojos de la hoguera.
No ahora que mi piel se mece en la nostalgia de tu piel
y llora,
ni aún cuando todos mis vacíos
están habitados por tus silencios
y tus caricias dejan caliente rastro
en mi memoria.
Necesito estar fuerte
para enfrentar tus narcóticos besos
tus devastadoras manos
que destilan veneno
y distraerme de tu cuerpo seduciéndome altivo
sobre el lomo del aire.
Necesito imponer cordura a mi nervioso vientre
para no amarte como si todo el mundo fuera tu boca
y los mares y los ríos tu indomable lengua
y mi sed nunca estuviera satisfecha.
Quiero dejar de sentir hambre de ti /de mi.
Si los océanos fueran tu sexo
bebería cada gota de mar
y devoraría cada grano de arena
sobre la playa firme de tu cuerpo.
Necesito calma en la espera,
música de alas al viento
para volver arrojarme al precipicio de tus besos;
Y si de ti algo queda
después de la explosión del agua
entonces volveré amarte.
Estoy aquí,
como Penélope,
desde esta plenitud atroz
enviándote delirantes palabras,
apetitos disfrazados,
besos de papel
viajando con mi mente
por todo tú,
todo tú desnudo,
todo tú dispuesto,
toda yo escurriendo mis labios por tu cuerpo,
llenándome de ti/ de mi,
oteando mi sombra sobre tu sombra,
en la espera de la humedad nadante.
Si, aquí,
anclada en mi desnudez de flor de otoño,
soñando con el reencuentro,
el sublime deseo que nos incita,
silentes hasta que la prudencia nos libere
todos los humeantes apetitos contenidos,
todas las manos guardadas para tocarnos,
todos los espumosos besos
derramados hasta las ingles,
y después…que el destino nos guíe como a ciegos
perdidos en infinitos cuerpo sin tiempo.
Estoy agotada de vivir al borde de los suspiros,
se extinguió el cielo blanco de nubes
que protegía nuestros besos,
no somos mas dos anónimos amantes
viviendo un invisible romance.
Un trueno inmenso de quimeras
a despedirnos nos urge.
Tus labios se han cerrado como bares en madrugada,
tu risa ya no cae como hielos sobre vasos plenos
y las promesas de amor
no son mas que un par de copas sucias
y es entonces que el dolor enardece mi alma.
Me veo recargada sobre el horizonte
como un ave Fénix
y recuerdo tus manos en las tinieblas de mi piel
y sufro,
e invento pecados,
torturas de amor con máscaras y látigos
y vuelvo a ser aquella generosa tierra
- donde tocas florezco.
Me odio por amarte
por añorar tus húmedos labios,
acudo al recuerdo de tu sexo,
y caigo muerta sobre la cama
por las escaleras muerta ruedo,
vago por los senderos muerta
al mar muerto llego
y muerta me quedo en el fondo del océano.
¿Para qué amarte tanto?
muchos años perfumé tu cuerpo,
mil espinas feroces quité de tu alma,
desterré febriles lluvias de tus ojos,
y mis caricias se extendieron
como trigo sobre tu piel de aurora.
Cuánta, cuánta lluvia ha caído desde aquella vez
que caminamos al muelle del olvido.
Hoy una brizna de niebla duerme en tus ojos
destruyendo la noche en la eternidad de mis sueños.
Estoy mejor sin ti
ahora que el silencio condenó tu boca blasfema,
que mi sosiego se ciñe a tu ausencia,
y confino tu recuerdo a la sombra del espejo.
Estoy mejor sin ti,
sin la sobrecama nocturna de caricias
forjada con olor de ignotas pieles
y los besos de buenas noches
extraviados antes de llegar a casa.
Sin ti me va muy bien,
Mayo trajo consigo nuevas flores
que he zurcido a la funda de mi almohada
para que ni en sueños se cuele tu memoria.
No soy mas la pasajera de tu tren del miedo
no me asusta mas tu indiferencia
propia de los muertos
ni mi amor diluido en la infinita
inexistencia de tu alma.
Si, estoy mejor sin ti,
dejé de ser tierra que anhela tu lluvia
árbol en espera que el ave anide en sus ramas
me volví interminable sendero
¿y tú?
insalvable distancia.
Hace mucho fui gitana azul,
tiré mis cartas con la mano izquierda
mientras la otra tocaba con desprecio tu recuerdo.
Cadenciosos futuros reverberaron en mis labios
y el sol de marzo calentó mis andariegas manos
que me condujeron al viejo edificio de tu cuerpo.
Ayer, fui una iglesia colmada de oraciones,
un ángel cercando el cuadro de mi santo preferido,
-“San Judas Tadeo en ti confío mis secretos” -
mi moral sujeta con alambres ortopédicos
por que éste amor que por él siento
es un disfraz de noche de espantos mal cosido.
Hoy tú eres ave carroñera despavorida tras los restos
que me busca fuera y dentro de sus delirios
entre las letras del teclado
donde a veces soy luminoso texto
otras oscuridad de invierno
pero nunca la mismo.
Mañana seré cirquera,
prestidigitadora,
Tú, una ronda de poemas tirados
por esta talladora de la vida
entre los versos de mi último libro.
En el futuro ni 2 segundos por teléfono serás.
Consagração da pele
Não, não devo amar-te num domingo sereno,
não por medo de uma tarde de orações,
ou agora que as memórias são fragmentos
de ferozes gemidos
e a imagem dos teus olhos um atiçar da fogueira.
Não agora que minha pele se mede pela nostalgia da tua pele
e chora,
não agora quando todo o meu vazio
são habitados por teu silêncio
e tuas carícias deixa um rastro quente
na minha memória.
Necessito estar forte
para enfrentar teus narcóticos beijos
tuas mãos devastadoras
que destilam veneno
e distrair-me de teu corpo seduzindo-me orgulhoso
sobre o colchão de ar.
Eu preciso impor calma ao ventre nervoso
para não te amar como se todo o mundo estivesse na tua boca
e os mares e os rios de tua indomável língua
e a minha sede nunca estivessem satisfeitas.
Eu preciso deixar de sentir fome de ti / de mim.
Se os oceanos fossem o teu sexo
beberia cada gota do mar
e devoraria cada grão de areia
sobre a praia firme de teu corpo.
Necessito de calma na espera,
asas para a música do vento
para voltar a me jogar no precipício de teus beijos;
E se de ti algo ficar,
depois da explosão de água
então voltarei a te amar.
Estou aqui,
como Penélope,
a partir desta plenitude atroz
enviando-te palavras delirantes,
apetites disfarçados,
beijos de papel
viajando com minha mente
em torno de ti,
tu, todo nu,
todo disposto,
toda eu escorrendo meus lábios por todo teu corpo,
enchendo-me de ti/de mim,
minha sombra espiando por cima da tua sombra,
na espera de nadar na humidade.
Sim, aqui,
ancorada na minha flor de nudez de outono,
sonhando com o reencontro,
o sublime desejo que nos incita,
silenciosos até que a prudência nos libere
todos os conteúdos latentes dos apetites
todas as mãos guardadas para nos tocar,
todos os beijos espumantes
derramados até em inglês,
e depois ... quando o destino nos guie como cegos
perdidos em infinitos corpos sem tempo.
Estou cansada de viver nas bordas de suspiros,
extinguiu-se o céu branco de nuvens
que protegia os nossos beijos,
não somos, mais dois amantes anônimos
vivendo um romance vida invisível.
Um trovão enorme de sonhos
nos convida a dizer adeus.
Teus lábios estão fechados, como os bares no início da manhã,
teu riso já não cai como gelo nos copos cheios
e as promessas de amor
são apenas como bebidas sujas
é, então, que a dor inflama minha alma.
Estou inclinada no horizonte
como uma fênix
e lembro-me de tuas mãos na escuridão da minha pele
e sofro,
e invento pecados,
tortura de amor com máscaras e chicotes
e volto a ser aquela terra generosa
- Onde tocas floresço.
Eu me odeio por te amar
por implorar os teus lábios molhados,
me acode a memória do seu sexo,
e caio morta na cama
pelas escadas mortas abaixo vou rolando,
vago pelos caminhos mortos
ao Mar Morto chego
e morta quedo no fundo do oceano.
Por que amar-te tanto?
muitos anos perfumei o teu corpo,
mil espinhos ferozes removi de tua alma,
bani a chuva febril dos teus olhos,
e minhas carícias se estenderam
como o trigo na tua pele de aurora.
Quanta, quanta chuva caíu desde aquela época
em que caminhamos para o cais do esquecimento.
Hoje uma névoa de sono em teus olhos
destrói a noite na eternidade dos meus sonhos.
Estou melhor sem ti
Agora que o teu silêncio condenou tua boca blasfema
o meu sossego adere à tua ausência,
e limita a tua memória na sombra do espelho.
Estou melhor sem ti,
sem sobrecolcha noturna de carícias
forjada com o odor de peles desconhecidas
e os beijos de boa noite
extraviados antes de chegar a casa.
Sem ti eu estou indo muito bem,
Maio trouxe novas flores
que bordei no pano de minha fronha
para que nem mesmo em sonhos guarde tua memória.
Não sou mais a passageira de teu trem do medo
não me assusta mais a tua indiferença
própria dos mortos
nem meu amor diluido na infinita
ausência de tua alma.
Sim, estou melhor sem ti,
deixei de ser terra que anseia tua chuva
árvore, na espera que a ave se aninhe em seus ramos
me tornei um interminável caminho
E tu?
intransponível distância.
Faz muito tempo que a cigana era azul
tirei minhas cartas com a mão esquerda
enquanto a outra tocava com desprezo tua recordação.
Cadenciados futuros reverberaram da minha boca
e o sol aquecia as mãos sofregas de Março
que me conduziram ao velho prédio do teu corpo.
Ontem, fui uma igreja cheia de orações,
um anjo rodeando a imagem do meu santo favorito,
- "São Judas Tadeu a ti confio meus segredos" -
minha moral suspensa com fios ortopédicos
que este amor que por ele sinto
é um disfarce de uma noite de horrores mal costurado.
Hoje és uma ave apavorada atrás dos restos
que me busca fora e dentro de seus delírios
entre as letras no teclado
onde às vezes sou brilhante texto
outras vezes escuridão de inverno,
porém, nunca a mesma.
Amanhã serei de circo,
prestidigitadora,
tu, uma rodada de poemas tirados
por esta talhadora de vidas
entre as linhas do meu último livro.
No futuro nem 2 segundos, por telefone, serás.
Ilustração: http://haydeecerantola.blogspot.com.b
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