Mustafá
Me dizem sempre para não sair
de férias
Nem faltar ao serviço.
E me ensinam: “Quem vai ao
ar, perde o lugar”.
E ao serviço não posso, não
devo faltar- é uma questão
De sobrevivência.
E ter um amor? Também me
dizem
Que é preciso ter carinho e
paciência.
“È uma flor”-me dizem- “que é
preciso cultivar”.
Não seria algo assim tão difícil
Se não fosse, como sou, tão
preguiçoso.
Há dias em que é um troço
doloroso
A simples tarefa, da cama, me
levantar.
E foi num dia assim
(depois de ter deixado o meu
amor sem notícias)
Que recebi o recado que havia
me trocado
Por um gato amarelo
Que vive também dormindo e a
ronronar.
Bem, até podem dizer que não é
tão mal-
Ou insinuar que é melhor um
gato que um cachorro.
Por preguiça de polemizar até
corro,
Mas, me digam, se não é de
arrasar
Dividir a cama
Com um gato que chamam de
Mustafá?
E- ainda me dizem-
Que, apesar de não ser pato,
A conta ainda vou ter que
pagar!
No comments:
Post a Comment