A
LA VIDA
Manuel
Zequeira y Arango
Vida, que sin cesar huyes de suerte
Que no eres de ningún bien merecedora,
¿Por qué quieres llevarme encantadora
Con alegre esperanza hasta la muerte?
Es el mismo al fin que te devora
Por qué te he de apreciar si a cada hora
Se me acerca el momento de perderte.
Mas, ¿qué pierdo en perderte? La vil parte
De la miseria humana, el cuerpo indigno
Que debieras más bien de él alejarte,
Si a más vida, mas males imagino
Ya me puedes dejar, que yo en dejarte
Harto que agradecer tengo al destino.
À
Vida
Vida que sem cessar corres da sorte
Que de ninguém és bem merecedora,
Por que queres me levar encantadora
Com alegre esperança até a morte?
Se o tempo que risonho te diverte
É o mesmo que, no final, te devora
Por que tenho que apreciar-te a cada hora
Se se aproxima o momento de perder-te.
Mas o que eu perco em perder-te? A vil parte
Da miséria humana, o corpo indigno
Que deveria mais bem de ti alhear-se,
Se mais vida, mais males imagino
Já não me podes deixar, que em deixar-te
Só devo agradecer ao meu destino.
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