Thursday, July 31, 2014

Julia de Burgos


Víctima

Julia de Burgos

Aquí estoy,
desenfrenada estrella, desatada,
buscando entre los hombres mi víctima de luz.
A ti he llegado.
Hay algo de universo en tu mirada,
algo de mar sin playa desembocando cauces infinitos,
algo de amanecida nostalgia entretenida en imitar palomas…
Mirarte es verme entera de luz
rodando en un azul sin barcos y sin puertos.
Es inútil la sombra en tus pupilas…
Algún soplo inocente debe haberse dormido en tus entrañas.
Eres, entre las frondas, mi víctima de luz.
Eso se llama amor, desde mis labios.
Tienes que olvidar sendas,
y disponerte a manejar el viento.
¡A mis brazos, iniciado de luz,
víctima mía!
Pareces una espiga debajo de mi alma,
y yo, pleamar tendida bajo tu corazón.


Vítima

Aqui estou,
desenfreada estrela, desatada,
buscando entre os homens a vítima de luz.
A ti cheguei.
Há algo do universo em teu olhar,
algo de mar sem praia desembocando em canais infinitos,
algo de amanhecida nostalgia entretida em imitar pombos ...
Olhar-te é ver-me inteira de luz
rodando num azul sem navios, sem portos.
É inútil a sombra em tuas pupilas ...
Algum sopro inocente deve haver dormido em tuas entranhas.
És, entre as folhas, minha vítima de luz.
Isto se chama amor, desde meus lábios.
Tens que esquecer os caminhos
e dispor-se a manejar o vento.
Nos meus braços, iniciado em luz
Vítima minha!
Pareces com uma espiga debaixo de minha alma,
e eu, a maré estendida sob o teu coração.

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