Eu
só sei que os tempos são insanos.
Tento
colocar panos quentes,
Mas,
ó como me sinto doente,
Eles
queimam, ardem e voltam a dizer
O
que sempre soube:
Vivemos
em tempos insanos,
Por
mais que Levinas pregue alteridade.
E
o único rosto que consigo ver
É
o do cachorro que me mordeu.
E
o irmão que chega
É
para me assaltar ou pedir esmola
(logo,
para eu,
que
somente trago
na
sacola
um
pão duro, uns restos
de
linguiça, de sardinha
e
adoraria ter um pouco de farinha).
Ainda
se pudesse assistir Chaplin
Num
telão
Zombando
da ilusão dos tempos modernos.
Mas,
não! Os tempos são insanos, insensatos!
O
que nos salva é uma Zanna Gallo no teatro,
Ou
Haianne Saiury cantando japonês,
Lembrar
de Luiz Gonzaga ou Dominguinhos,
Vez
por outra ouvir o Lito tocar um chorinho
E
reviver Cartola com Nicodemos.
É
tudo que nos resta, o que podemos
Ter
de poesia nestes tempos insanos.
E,
enquanto o inferno arde,
Molhar
os panos
Para
enxugar o suor
E
tentar viver como se fosse normal
Viver
esta vida de animal
Que
não tem como se libertar das cercas
Invisíveis
que nos dizem
Que
não há modos de sermos felizes.
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