Tuesday, October 04, 2016

Uma poesia de Analía Giordanino

DESPIERTA                                                                         
Analía Giordanino

Este insomnio
es como la planta de apio
que compré hoy y se ramifica,
lo abro rama por rama,
desnudo su cabellera
y arde su cresta verde.

Otro día tendrá distinta apariencia
y lo despuntaré
como al lápiz que rompe su grafito.
Escribiré con él
con los dedos acurrucados
alrededor de la madera pretenciosa.

Pero hoy tengo este tallo jugoso y descosido.

Nunca tuve un insomnio así,
tan naturista.

DESPERTA

Esta insônia
é como um  pé de aipo
que comprei hoje e que se ramifica,
o abro ramo por ramo,
desnudando suas folhas
e cortando sua crista verde.

Outro dia terá uma aparência diferente
e o desbastarei
como ao lápis que se quebra seu grafite.
Escreverei com ele
com os dedos curvados
em redor da pretenciosa madeira.

Mas, hoje tenho este talo suculento e desconexo.

Nunca tive uma insônia assim,
tão natural.


Ilustração: www.abicol.org

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