Ah!
Meu negro amor, não vou mais lutar uma luta tão inglória.
Já
busquei em todas as bruxas solução, mas, teu feitiço,
negro
amor, é como uma canção pegajosa, como uma doença incurável,
lentamente
corrói a minha vontade, e faz de mim um mamulengo teu,
um
marionete.
Ah!
Meu negro amor, todos os caminhos já deixei para trás
(e
todos me pareciam sempre iguais)
tanto
que os profetas e as videntes liam,
em
estrelas reluzentes,
o
que, impreterivelmente, viam,
o
que as pedras já deviam saber:
que
sempre vou voltar com mais saudade.
E
nas tuas pernas negras hei de encontrar
o
prazer de me perder
ao
me agarrar ao que não há.
Hei
de colher a flor,
negra,
escura, melânica, pardacenta, enegrecida,
que
me dá amor e vida
com
tantos beijos
que
parecerá possível matar o desejo
que,
invariavelmente, negro amor,
há
de voltar a me torturar,
insaciável,
sedento, te querendo toda minha,
desejando
o impossível feito
de,
no leito,
te
tornar tão minha,
negra
rainha,
como
me fizeste,
de
um modo tão perfeito,
negro
amor,
ser
teu de corpo, alma e coração
só
com este teu jeito
doce
e afável
de
me dominar com carinhos, poções e beijos.
Não
há mais nada,
nada
mais em mim,
negro
amor,
que
este amor, paíxão, desejo!
Ilustração: Veja SP.
Ilustração: Veja SP.
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