Friday, February 22, 2019

Outra poesia de Claudio Rodríguez



Clávame con tus ojos esa nube                                       

Claudio Rodríguez

Clávame con tus ojos esa nube
y esta esperanza de hombre que me queda.
¿Por dónde yo si estaba en la alameda
de tus ojos mintiendo cuando estuve?

Disciplina de todo lo que sube.
De lo que mira y ve, mientras se enreda
su triste agilidad, como en la rueda
de tus campos del cielo que no anduve.

Y es por seguir cegueras sin mancilla
por lo que tanta bruma nos separa
y hace del resplandor su maravilla,

su clavel mudo. ¡Y qué ajenos al daño
después, cuando tus ojos son la clara
locura de no verme siempre extraño!


CRAVA-ME COM TEUS OLHOS ESSA NUVEM

Crava-me com os teus olhos essa nuvem
e esta esperança de homem que me resta.
Onde eu estava na alameda
dos teus olhos mentindo quando lá estave?

Disciplina de tudo que sabia.
Do que olha e vê e vê, enquanto enrola
sua triste agilidade, como na roda
de teus campos do céu em que não andei.

E é por seguir a cegueira sem defeito
Pelo o tanto que a neblina nos separa
e faz do esplendor a sua maravilha,

seu cravo mudo. E que alheios ao dano
depois, quando teus olhos são a clara
loucura de nem me ver sempre estranho!

Ilustração: pontosdeumponto.blogspot.com.

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