Tuesday, June 04, 2019

ADEUS ÀS ILUSÕES


                         
Imagino sempre
lugares que não existem,
espaços que os olhos não podem ver,
rios que não correm para o mar
e se perdem em horizontes  
que ninguém sabe onde estão.

Não me apresso!
Meu pobre coração
que desejava ser azul
parece não bater,
ao ritmo de uma música clássica suave,
comprimido pelo peso da vida,
que, na sua repetição, me deixa com as mãos vazias
e a memória dos tempos felizes,
de canções e amores perdidos.

Cada momento
é como se fosse uma onda
que deságua no invisível,
no indizível, no indecifrável,
na esperança inalcançável,
na água imensa da longa noite eterna
– morto ainda vivo
persisto em busca da ilusão perdida
e, apesar de tudo, 
na minha eterna fantasia 
finjo que a vida tem alegria.

Ilustração: Dm.

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