Sunday, April 30, 2023

E, mais uma vez, temos Armando Romero

 

 DEVINO MISTERIO

 Armando Romero

¿Cómo convertir en canto ese silencio

de la tarde fuera del monasterio, frente al mar?

 

En el pequeño malecón dos pescadores,

vueltos hacia sí, desempacan su cosecha de peces espejeantes.

 

¿Detener con las manos las imágenes mudas

que esperan contener nuestros cuerpos?

 

El viento pega contra el portal inmenso

pero de ello también hay silencio.

 

¿Vivir este tiempo al otro lado del tiempo?

 

Un monje pasa y entrebarbas escupe su

risa a los pescadores.

 

¿Restregar la memoria hasta donde

no lo quiso el recuerdo?

 

El mismo monje observa el espacio

que habito y sonríe cortésmente.

 

¿Dónde está el poema, entonces,

la mirada hacia adentro?

TORNAR-SE MISTÉRIO

Como converter em canto esse silêncio

da tarde fora do mosteiro, frente para o mar?

 

No pequeno calçadão dois pescadores,

Voltados para si mesmos, desempacotam a colheita de peixes espelhados.

 

Detém com as mãos as imagens mudas

que esperam conter nossos corpos?

 

O vento bate contra o portal imenso

Porém nele também há silêncio.

 

Viver este tempo ao outro lado do tempo?

 

Um monge passa e entre as barbas cospe seu

riso para os pescadores.

 

Esfregar a memória até onde

não quis recordar?

 

O mesmo monge observa o espaço

onde vivo e sorri cortesmente.

 

Onde está o poema, então,

ao olhar para dentro?

Ilustração: Adventure Clube.

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