CALÍGULA
Oscar Cerruto
Es la hora que más odias,
cuando la tarde cae
como si se desplomara del tejado.
Lobregueces rastreras
corren bajo tus pies y sientes
que eso que pasa enfriándote la cara
no es el viento.
Comienzas a oír voces
que nadie más oye.
Crees ver centuriones
de niebla entre la niebla,
manos que flotan,
lenguas arrancadas,
y disolverse en la noche
la tediosa muralla que te aísla.
Tu sombra acobardada te precede
por los polvorientos salones del palacio.
Y llegas a tu lecho en los hostiles dormitorios
sabiendo que allí sólo te aguardans
ueños enemigos.
Sueños con dientes sin fatiga,
puntuales, pertinaces
como la oscura rata que noche a noche
roe en las tablas del piso.
Calígula
É a hora que mais você odeia,
O cair da tarde
Que se destelha como um telhado.
Lentamente, rastejando
a escuridão se instala sob seus pés e você sente
que o que esfria seu rosto, de passagem,
não é o vento.
Começas a ouvir vozes
que ninguém mais ouve.
Começas a ver centuriões de névoa entre as névoas,
mãos que flutuam,
línguas arrancadas, e a dissolver-se na noite
a muralha que te isolava.
Tua sombra temerosa te precede
pelos salões poeirentos do palácio.
E chegas ao teu leito
Em dormitórios hostis
sabendo que ali somente te aguardam
sonhos inimigos.
Sonhos com dentes sem fadiga,
precisos, persistentes
como o preto rato que, noite após noite,
rói as tabuas do assoalho.
1 comment:
Silvio: que maravilhosa poesia...traduzindo o desespero do enfrentamento consigo mesmo...no silêncio da noite! Sua tradução está excelente!
Boa noite de segunda-feira.
Beijos carinhosos.
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