Estopim
O vento frio da manhã batia no seu rosto
E ela seguia com o olhar, indiferente ao tempo,
Uma estrela invisível, que não se percebia
Tão enevoado andava o cinza céu de julho.
Impossível saber que nela viviam calmas
Duas almas incapazes de viverem juntas,
Mas, a suavidade, a graça de suas feições
Escondiam um ar selvagem de paixão, se acaso,
Por pouco caso, se acendia a chama do desejo
Ainda que numa manhã feita para o leito
E o sono. O abandono a um beijo soltava
Nela a fera que queria morder, gritar, amar.
(Do livro A Alquimia da Vida, Editora Castanheira, Laser Print, 1999).
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