Tuesday, April 28, 2009

ANDRES ELOY BLANCO



SONETO DE LA RIMA POBRE

Andres Eloy Blanco

Me das tu pan en tu mano amasado,
me das tu pan en tu fogón cocido,
me das tu pan en tu piedra molido,
me das tu pan en tu pilón pilado.

Me das tu rancho en tu palma arropado,
me das tu lecho en tu rincón sumido,
me das tu sorbo, a tu sed exprimido,
me das tu traje, en tu sudor sudado.

Me das, oh Juan, tu dame de mendigo,
me das, oh Juan, tu toma de pobrero,
tu clara fe, tu oscuro desabrigo,
y yo te doy, por lo que dando espero,
el oscuro esperar con que te sigo
y el claro corazón con que te quiero.

Soneto da rima pobre


Me dás teu pão na tua mão amassado,
Me dás teu pão em teu fogo cozido,
Me dás teu pão na tua pedra quebrado,
Me dás teu pão no teu pilão pilado.

Me dás teu rancho na tua palma empalmado,
Me dás teu leite em teu seio sumido,
Me dás teu gole, na tua sede espremido,
Me dás teu traje em teu suor suado.

Me dás, ó João, tu me dás de mendigo,
Me dás, ó João, tu tomas de um pobrezinho,
Tua clara fé, teu escuro desabrigo,
E eu te dou, porque dando espero,
Do escuro esperar com que te sigo
E o claro coração com que te quero.

Ilustração: joanalucaspintura.blogspot.com

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