Saturday, May 16, 2015

Mais uma poesia de Amado Nervo











EN PAZ                                                                                                                              

Amado Nervo

Muy cerca de mi ocaso, yo te bendigo, Vida,
porque nunca me diste ni esperanza fallida,
ni trabajos injustos, ni pena inmerecida;

Porque veo al final de mi rudo camino
que yo fui el arquitecto de mi propio destino;
que si extraje las mieles o la hiel de las cosas,
fue porque en ellas puse hiel o mieles sabrosas:
cuando planté rosales coseché siempre rosas.

...Cierto, a mis lozanías va a seguir el invierno:
¡mas tú no me dijiste que mayo fuese eterno!

Hallé sin duda largas las noches de mis penas;
mas no me prometiste tan sólo noches buenas;
y en cambio tuve algunas santamente serenas...

Amé, fui amado, el sol acarició mi faz.
¡Vida, nada me debes! ¡Vida, estamos en paz!

Em paz

Muito próximo de meu ocaso, eu te bendigo, Vida,
porque nunca me destes nem a esperança falida,
nem trabalhos injustos, nem a pena imerecida;

Porque vejo ao final de meu rude caminho
Que eu fui o arquiteto de meu próprio destino;
Que se extrai o mel ou o fel das coisas
Foi porque nelas pus o fel ou o mel das coisas saborosas:
Quando plantei rosas sempre colhi rosas.

...Certo, as minhas flores não seguirão o inverno:
Mas, tu, não me dissestes que maio seria eterno!

Encontrei, sem dúvida, as longas noites de minhas penas;
Mas, não me prometestes só noites boas;
e tive, em troca, algumas santamente serenas....

Amei, fui amado, o sol carícias me faz.
Vida, nada me deves! Vida estamos em paz!

Ilustração: leandroocsemberg.blogspot.com

No comments: