Amado Nervo
Muy cerca de mi ocaso, yo te
bendigo, Vida,
porque nunca me diste ni
esperanza fallida,
ni trabajos injustos, ni pena
inmerecida;
Porque veo al final de mi rudo
camino
que yo fui el arquitecto de mi
propio destino;
que si extraje las mieles o la
hiel de las cosas,
fue porque en ellas puse hiel o
mieles sabrosas:
cuando planté rosales coseché
siempre rosas.
...Cierto, a mis lozanías va a
seguir el invierno:
¡mas tú no me dijiste que mayo
fuese eterno!
Hallé sin duda largas las
noches de mis penas;
mas no me prometiste tan sólo
noches buenas;
y en cambio tuve algunas
santamente serenas...
Amé, fui amado, el sol acarició
mi faz.
¡Vida, nada me debes! ¡Vida,
estamos en paz!
Em paz
Muito próximo de meu ocaso, eu
te bendigo, Vida,
porque nunca me destes nem a
esperança falida,
nem trabalhos injustos, nem a
pena imerecida;
Porque vejo ao final de meu
rude caminho
Que eu fui o arquiteto de meu
próprio destino;
Que se extrai o mel ou o fel
das coisas
Foi porque nelas pus o fel ou o
mel das coisas saborosas:
Quando plantei rosas sempre
colhi rosas.
...Certo, as minhas flores não seguirão o inverno:
Mas, tu, não me dissestes que maio seria eterno!
Encontrei, sem dúvida, as longas noites de minhas
penas;
Mas, não me prometestes só noites boas;
e tive, em troca, algumas santamente serenas....
Amei, fui amado, o sol carícias me faz.
Vida, nada me deves! Vida estamos em paz!
Ilustração: leandroocsemberg.blogspot.com
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