Sentindo
a tua ausência mais do que o calor da noite,
Percebo
que a vida, como uma gigantesca jiboia, nos engole.
A
vida nos engole
De
um hausto, com a rapidez de um sopro,
Ou
lentamente, nos deixando como deixa, oco,
Sem
lirismo, sem amor, sem vontade.
Só
este corpo que se mexe,
Como
se vivo estivesse,
Para
cumprir as obrigações diárias.
É
um rito
Ou
uma dança inconsequente.
Não
sei.
Sei
que somente a vida nos engole.
Muitas
vezes,
É
somente alguém
Que,
de repente, desce por um bueiro,
Mas,
há sintomas de sumir um quarteirão inteiro,
Bairros,
favelas, cidades...
A
vida nos engole.
Seja
pelo gesto que não fiz
Ou
pelo o gesto que você não faz-
Não
importa-
A vida
nos engole
E,
na verdade, não te amo menos
E tu
não me amas mais.
E
vivemos dizendo adeus
Sem
que, na verdade,
Não
desejes me perder
Nem
te perder desejo.
E
não nos falamos
E não
mais te beijo
E o
tempo do amor parece, agora, tão distante.
É
tarde...
Olho
pela janela as luzes da cidade...
Os
barulhos noturnos, as sirenes
De
ambulâncias e polícias
E o
som silencioso
Da
vida que nos engole
Enquanto,
possivelmente, dormes
Para
bem cedinho ir trabalhar...
Não
tenho sono
Nem
vontade de dormir
Nem
mais capacidade de sonhar.
Só
sei que a vida nos engole.
Ilustração:
2.bp.blogspot.com
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