Tuesday, September 12, 2017

Uma poesia de Ana Merino

Terapia del adiós                              
Ana Merino

Respira
y deja que te habite
ese cosquilleo
que cruza el umbral de tu puerta,
deja que germine
esa sensación
de deseo enhebrado
que hoy te espía
y se alimenta de tu extrañeza
y brota de la curiosidad
como si fuese
el espejismo puro
de una niñez perdida
que dibuja en silencio
la frágil silueta de tu sombra.

Deja que se enrede en tus miedos
que se refleje en ti
como un cometa helado
para que su rastro
se fabrique con tu aliento
y exista porque quieres
anudar el lenguaje sigiloso de su cuerpo
sin que apenas se inmute
el surco cotidiano de las cosas.

Deja que nazca
para que pueda recordarte
y su amor se parezca
al vértigo secreto de la vida
y aprenda a conformarse
con un sorbo de tiempo disfrazado
de muchas despedidas.

TERAPIA DO ADEUS

Respira
e deixa que te habite
que te faça cócegas
que cruze o limiar de tua porta,
deixa germinar
esse sentimento
de emaranhado
de quem hoje te espia
e se alimenta de sua estranheza
e brota da curiosidade
como se fosse
a miragem pura
de uma infância perdida
que desenha em silêncio
a silhueta frágil da sua sombra.

Deixe que se emaranhe em seus medos
que se reflita em ti
como um cometa gelada
de modo que seu traço
seja feito com tua respiração
e exista porque você quer
enrole a linguagem secreta do seu corpo
sem que se modifique
o sulco cotidiano das coisas.

Deixe que nasça
para que possa me lembrar de você
e seu amor se pareça
com a vertigem secreta da vida
e aprenda a se conformar
com um gole do tempo disfarçado
de muitas despedidas.



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