Wednesday, September 26, 2018

E, eis de volta, Juan Ramón Jiménez


Vino, primero, pura                                  
Juan Ramón Jiménez

Vino, primero, pura,
vestida de inocencia.
Y la amé como un niño.

Luego se fue vistiendo
de no sé qué ropajes.
Y la fui odiando, sin saberlo.

Llegó a ser una reina,
fastuosa de tesoros…
¡Qué iracundia de yel y sin sentido!

…Mas se fue desnudando.
Y yo le sonreía.

Se quedó con la túnica
de su inocencia antigua.
Creí de nuevo en ella.

Y se quitó la túnica,
y apareció desnuda toda…
¡Oh pasión de mi vida, poesía
desnuda, mía para siempre!

Veio, primeiro pura

Veio, primeiro, pura
vestida de inocência.
E a amei como um menino.

Logo se foi vestindo-se
não sei de quais roupas.
E a fui odiando sem saber.

Chegou a ser uma rainha
faustosa de tesouros ...
Que aborrecimento dele e sem sentido!

... Mas se foi despindo.
E eu lhe sorri.

Ficou com a túnica
de sua velha inocência.
Acreditei de novo nela.

E tirou a túnica
e apareceu toda nua ...
Oh! Paixão da minha vida, poesia
nua, minha para sempre!

Ilustração: Obvious.

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