La pena de perderte
Salvador Novo
Al poema confío la pena
de perderte.
He de lavar mis ojos de
los azules tuyos,
faros que prolongaron mi
naufragio.
He de coger mi vida
desecha entre tus manos,
leve jirón de niebla
que el viento entre sus
alas efímeras dispersa.
Vuelva la noche a mí,
muda y eterna,
del diálogo privada de
soñarte,
indiferente a un día
que ha de hallarnos
ajenos y distantes.
A DOR DE TE PERDER
Ao poema confio a dor de
te perder.
Hei lavar meus olhos dos azuis
dos teus,
faróis que prolongaram o
meu naufrágio.
Hei de colher minha vida
desfeita em tuas mãos,
ligeiro fio de névoa
que o vento entre suas
asas efêmeras dispersa.
Volta a noite a mim, muda
e eterna,
do diálogo privado de
sonhar contigo,
indiferente a um dia
que há de nos encontrar alheios
e distantes.
Ilustração: https://contramao.una.br/.
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