[cfr. historia de la eternidad]
Luis Carlos Mussó
Después de aquella noche –la de luna
preñada, por más señas– en que pronunciamos al unísono el dolor y la herida en
nuestros cuerpos, y en la que anegamos una terrible canción en ciénagas y
resuellos –aferrados, ambos, con los dientes–, me negaste siete veces.
Recordé los hielos escandinavos. Esperé
a que los lobos engulleran al sol y a la luna y pisé fuertemente el puente de
la nave que me llevaría lejos –muy lejos–. Aquella nave construida con uñas de
muertos y con pretensiones de trasatlántico o trirreme. Sentí la fuerza
quebrada en mis rodillas, un humor vacío en el sexo y dos marcas color marrón
–una en la nuez de Adán, otra en el hombro– que me estrangulaban. Pisé
fuertemente sobre el puente de la nave, la que sería un abismo dispuesto a
abrirme su secreto. Y viajé en aquella nave. Aquella nave pesada como tierra
curada con uranio. Aquella nave construida con mis propias uñas.
REMEMORAÇÃO
[cfr.
história da eternidade]
Depois daquela noite –a da lua prenha,
por mais sinais– em que pronunciamos em uníssono a dor e a ferida em nossos
corpos, e nela afogamos uma terrível canção nos pântanos e chiados –aferrados,
ambos, com os dentes -, [ me negastes sete vezes.
Recordei os gelos escandinavos. Esperei
que os lobos engolissem o sol e a lua e pisei fortemente na ponte do navio que
me levaria longe - muito longe. Aquele navio construído com as unhas dos mortos
e com pretensões de um transatlântico ou de um trirreme. Senti a força quebrada
em meus joelhos, um humor vazio no sexo e duas marcas marrons - uma no meu pomo
de adão, outra no meu ombro - que me
estrangulavam. Pisei fortemente na ponte do navio, o que seria um abismo
disposto a abrir-me seu segredo. E eu viajei naquele navio. Aquele navio pesado
como terra curada com urânio. Aquele navio construído com minhas próprias
unhas.
Ilustração: Fronteira da Consciência.
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