Eu sendo como sou
acabei sendo o que posso,
com o corpo que me
deixaram ter
vivendo onde consigo
viver
da forma que é possível.
O impossível não sei como
pode ser.
Passado, presente, futuro
é só uma sequência,
que somente sei que existe
enquanto tenho consciência,
o que ocorre só num tempo
breve,
a vida é o vento leve,
o sorrir, o beber, o ser,
que não é o seu normal.
Estar adormecido,
inconsciente é o destino
fatal.
Afinal não passo de um
malandro,
nada oficial,
de um moleque do Brasil,
que nasceu bonito
e não rico, tenho que
trabalhar
senão não dá
e só posso tocar violão
quando há um feriadão
e pego minha sacola
para curtir uma praia
e ver se arranjo um rabo
de saia.
Sou um moleque bacana.
Sacoleiro não!
Nem vou te dar banana.
Sou um malandro de bom
coração!!
Ilustração: Globo.
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