Friday, September 10, 2010

Jose Emilio Pacheco novamente



Ecuación de primer grado con una incógnita

Jose Emilio Pacheco


En el último río de la ciudad, por error
o incongruencia fantasmagórica, vi
de repente un pez casi muerto. Boqueaba
envenenado por el agua inmunda, letal
como el aire nuestro. Qué frenesí
ek de sus labios redondos,
el cero móvil de su boca.
Tal vez la nada
o la palabra inexpresable,
la última voz
de la naturaleza en el valle.
Para él no había salvacion
sino escoger entre dos formas de asfixia.
Y no me deja en paz la doble agonía,
el suplicio del agua y su habitante.
Su mirada doliente en mí,
su voluntad de ser escuchado,
su irrevocable sentencia.
Nunca sabré lo que intentaba decirme
el pez sin voz que sólo hablaba el idioma
omnipotente de nuestra madre la muerte.

De: Los trabajos del mar

Equação de primeiro grau com uma incógnita

No último rio da cidade, por engano,
ou inconsistência fantasmasmagórica, vi
de repente um peixe quase morto. Flutuava
envenenado pela água suja, mortal
como o nosso ar. Que frenesi
o de seus lábios redondos,
o zero móvel de sua boca.
Talvez o nada
ou a palavra inexprimível
a última voz
da natureza no vale.
Para ele não havia salvação
senão escolher entre duas formas de asfixia.
E não me deixa em paz a dupla agonia,
o suplício da água e seu habitante.
Seu olhar doendo em mim
a sua vontade de ser ouvido,
sua irrevogável sentença.
Nunca saberei o que intentava me dizer
o peixe sem uma voz que só falava a língua
onipotente da nossa mãe a morte.

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