Saturday, September 18, 2010

Trapiello outra vez



El árbol de la ciência

Andrés Trapiello


Dicen, mi amor, que es imposible hacer
versos de amor feliz, de enamorado,
que sólo lo perdido o no alcanzado
se canta en la poesía, el padecer

olvido o el sufrimiento de volver
al recuerdo de todo lo pasado.
Unas veces la sed de lo vedado;
otras, el vino del amargo ayer.

No hagas caso, mi amor, habladurías.
Contigo todas mis melancolías
son ramas escarchadas en anís

donde se posa un pájaro de nieve.
Escúchale cantar tan hondo y breve.
Que no te engañe su plumaje gris.

"Acaso una verdad" 1993


A arvore da ciência


Dizem, meu amor, que é impossível fazer
versos de amor feliz, de enamorado,
que só o perdido ou o não alcançado
se canta na poesia, o padecer

esqueço ou é o sofrimento de voltar
a recordar de todo o passado.
Às vezes, a sede do que é proibido;
outro, o vinho amargo já provado.

Não faça caso, meu amor, só são fofocas.
Como todos os blues tristes que tocas
são ramos de erva-doce cristalizados

onde pousa um pássaro de neve.
Ouça-o cantar tão profundo e breve.
Que na plumagem cinza não tenha os olhos enganados.

Ilustração: http://super.abril.com.br/blogs/cienciamaluca/a-arvore-do-universo/

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