Organizei
o amor
Em
cada beijo
Carinho,
gesto.
Fui
sistemático, rigoroso, até indigesto,
Mas,
eficazmente o fiz sistêmico.
Pois,
nele tudo acontecia
rigidamente matemático.
Fosse
na luz, na cor, no formato
havia regularidade em cada ato
E
o amor tornou-se assim
rentável empresa
Onde
a vida se sentia presa
para se libertar em ais convulsos
Sempre
com a mecanicidade da monotonia
Até
que este produto de consumo
Tornou-se
algo antiquado, obsoleto
E
para o qual não havia mercado.
Pendurei-o,
então, num quadro
Como
reles lembrança do passado
Onde
os homens mesmo entediados
Tinham
o direito de sonhar.
Goiânia, 28/04/78
(De Apocalypse, Editora Per Se, 2013, reedição).
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