Sunday, August 03, 2014

Uma meia resposta à Clarilú

A Clarirú me pede, num comentário,  para explicar um poema de Neruda. Tenho uma meia explicação. Para mim (que só ele sabe o que escreveu) a poesia dele me soa como uma memória imprecisa de um amor inesquecível, algo que, mesmo dissolvido pelo tempo, ainda dói, um amor, amor de verdade, enfim o qual não se pode viver, mas, não se pode também, enquanto houver vida, esquecer e, por isto mesmo, dói e é motivo para a poesia. É o que posso dizer e, numa homenagem a ela e ao grande poeta, fazer uma pobre, mas, o mais fiel possível tradução. 


Para nacer he nacido

Pablo Neruda

UN AMOR

Por ti junto a los jardines recién florecidos me duelen los perfumes de la primavera.
He olvidado tu rostro, no recuerdo tus manos, ¿cómo besaban tus labios?.
Por ti amo las blancas estatuas dormidas en los parques, las blancas estatuas que no tienen voz ni mirada. 
He olvidado tu voz, tu voz alegre, he olvidado tus ojos.
Como una flor a su perfume, estoy atado a tu recuerdo impreciso. Estoy cerca del dolor como una herida, si me tocas me dañarás irremediablemente.
Tus caricias me envuelven comos las enredaderas a los muros sombríos.
He olvidado tu amor y sin embargo te adivino detrás de todas las ventanas.
Por ti me duelen los pesados perfumes del estío: por ti vuelvo a acechar los signos que precipitan los deseos, las estrellas en fuga, los objetos que caen.

Para nascer nasci

Pablo Neruda

Um amor

Por ti junto aos jardins recém floridos me doem os perfumes da primavera.
Já esqueci o teu rosto, não recordo tuas mãos, como beijavam os teus lábios?.
Por ti amo as brancas estátuas dormidas nos parques, as brancas estátuas que não têm tua voz nem teu olhar.
Esqueci a tua voz, a tua voz feliz, me esqueci de teus olhos.
Como uma flor a seu perfume, estou atado à tua memória imprecisa. Estou próximo da dor como uma ferida, se me tocas me machucarás irremediavelmente.
Tuas carícias me envolvem como as trepadeiras aos muros escuros.
Esqueci o teu amor e, sem embargo, te adivinho por trás de todas as janelas.
Por ti me doem os perfumes pesados ​​de verão: por ti volto a perseguir os signos que precipitam os desejos, as estrelas em fuga, os objetos que caem.

Ilustração: blogdalingerie.com.br

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