Friday, February 27, 2015

Uma poesia de Julio Flórez Roa

Abstracción                                                   

Julio Flórez Roa

A veces melancólico me hundo
En mi noche de escombros y miserias,
Y caigo en un silencio tan profundo
Que escucho hasta el latir de mis arterias.
Más aún: oigo el paso de la vida
Por la sorda caverna de mi cráneo
Como un rumor de arroyo sin salida,
Como un rumor de río subterráneo.
Entonces presa de pavor y yerto
Como un cadáver, mudo y pensativo,
En mi abstracción a descifrar no acierto
Si es que dormido estoy o estoy despierto,
Si un muerto soy que sueña que está vivo
O un vivo soy que sueña que está muerto.

Abstração

Às vezes melancolico me afundo
Na minha noite de escombros e miséria,
E caio num silêncio tão profundo
Que escuto até o bater das minhas artérias.
Mais ainda: ouço o ritmo da vida
Pela surda caverna de meu crânio
Como um rumor de um arroio sem saída,
Como um rumor de um rio subterrâneo.
Então, preso de pavor e rígido
Como um cadáver, mudo e pensativo,
Na minha abstração a decifrar não acerto
Se é que estou dormindo ou desperto,
Se um morto sou que sonha que está vivo
Ou um vivo que sonha que está morto.


Ilustração: olhares.sapo.pt

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