Friday, February 13, 2015

Uma poesia de Jesus Andres Pico Rebollo




 AÑO VIEJO 

Jesus Andres Pico Rebollo

Trescientos sesenta y cinco días asesinados
oficialmente a las doce de la noche.

Pero se han ido muriendo de inanición,
desgana y desaliento,
hora a hora, instante a instante.
Pero se han muerto lentamente
famélicos y enfermos,
o en bruscos atentados,
víctimas de sus propios sueños,
las guerras y el miedo,
devorados por la tierra
que de repente abrió sus fauces
y no pudo recoger más llanto
caído de los cielos.
Pero han ido quebrándose paso a paso,
rompiéndose en pedazos
que recogen y mezclan
-aún el año está en capilla-
periodistas y amigos de frías estadísticas,
recogen y maquillan políticos sin norte,
los dueños de las cosas.

Y hay muertos para todos,
cadáveres de días
felices, desgraciados, que por fin enterramos.

Ano velho

Trezentos e sessenta e cinco dias assassinados,
oficialmente, às doze da noite.

Porém, já vinham morrendo de inanição,
desengano e desalento,
hora a hora, instante a instante.
Porém, já estavam mortos lentamente
famélicos ou enfermos,
ou em bruscos atentados,
vitímas de seus próprios sonhos,
as guerras e o medo,
devorados pela terra,
que, de repente, abriu suas faces
e não pode recolher mais o pranto
caído do céu.
Porém, estavam vindo quebrando-se passo a passo,
rompendo-se em pedaços,
que recolhem e mesclam
-ainda o ano está na capela -
jornalistas e amigos de frias estatísticas,
recolhem e maquiam políticos sem norte,
os donos das coisas.

E há mortos para todos,
cadáveres de dias,
felizes, desgraçados, que, por fim, enterramos. 

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