O
desencanto do exilado
Os
homens de areia
inundaram
com uma tempestade
a minha
terra.
E
tudo ficou triste, sem esperança, estranho.
Nada
mais me é familiar.
Sou
um proscrito,
um
exilado,
um
perseguido,
acima
de tudo um sem esperança
na
minha própria terra
e,
apesar de tudo,
escrevo.
Escrevo
para que entendam
que
existe exílio
sem
que se precise dar um passo lá fora.
Escrevo
por ainda acreditar
que,
como outros tempos tenebrosos passaram,
estes
também passarão.
Escrevo,
quem
sabe, na crença
de
que a areia desaparecerá,
ainda
que sinta na pele o seu açoite constante.
Escrevo
para conservar a sanidade,
para que
a lógica volte a ser lógica,
para que as palavras voltem a ter sentido
e
a estranheza venha a se dissipar
nos
permitindo reconhecer, de novo, o céu azul...
Hoje,
porém, caminho trôpego
no
meio das sombras,
tateio
em busca de algo conhecido,
vagando
temeroso
do
tempo e da violência
de
homens que já supus
que
fossem irmãos
e rezo,
logo eu que não sou de rezar,
por um amanhã mais familiar
e a volta a uma pátria
da qual jamais sai...
Ilustração:
www.dominiosfantasticos.com.br
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